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Águas do Tejo Atlântico - Diana Simão

A Diana Simão realizou a sua tese no segundo semestre de 2021, na empresa Águas do Tejo Atlântico, em Bucelas, porém, a tese foi realizada maioritariamente em formato remoto. A entrevista foi conduzida pela Carolina Setas. Se preferirem, podem escutar a versão áudio no nosso podcast.

 

Olá a todos! Eu sou a Carolina, representante do NEQB nesta entrevista e estou aqui com a Diana, que vai partilhar connosco a sua experiência de Tese na empresa Águas do Tejo Atlântico.


Qual foi o tema da tua tese?

O tema da tese foi a Automação da Fábrica de Águas de Bucelas recorrendo a metodologias da indústria 4.0.


Podias explicar um pouco em que consiste a tese e as diferentes etapas da sua elaboração?

Basicamente, aquilo que aconteceu foi que atualmente, as ETARs procuram ter sistemas de controlo cada vez mais autónomos (automatizados), com o objetivo de haver uma central de controlo para todas as fábricas de água e ETARs pertencentes, neste caso ao grupo ADP. Portanto, o início focou-se numa fábrica de águas mais pequena, a fábrica de águas de Bucelas, de forma a introduzir metodologias da indústria 4.0: instrumentação, equipamentos e mecanismos/estratégias de controlo cada vez mais autónomas e com tecnologias inteligentes. Resumindo, o objetivo principal foi a automação da ETAR através da aplicação de novos mecanismos de controlo, de forma a otimizar o rendimento das operações, reduzir os custos operacionais e as intervenções dos operadores e melhorar o desempenho processual.


Como foi o processo de candidatura?

Na minha situação, eu iniciei a minha candidatura para outra empresa, onde tive uma entrevista, mas acabei por ir por outro caminho. A ADP tinha uma tese “dupla” e eu acabei por entrar, de forma a aliviar o trabalho de uma colega, dividindo com ela essa mesma tese. Não houve então entrevista, eu simplesmente entrei para o grupo e acabei por não escolher o tema, foi mais ele que me escolheu a mim.


Quem foram os orientadores?

Da faculdade, foi o professor Mário Eusébio e da própria empresa, inicialmente foi a engenheira Diana Figueiredo que, entretanto, teve de se ausentar em licença de maternidade, e então retomei com o engenheiro Paulo Inocêncio.


Em termos de tempo, quando começou e acabou todo o processo?

Devido aos dois últimos anos atípicos afetados pela pandemia, o meu processo foi mais longo. Teve início em fevereiro de 2021 e só entreguei a tese em novembro do mesmo ano. Coisas como visitas à empresa foram regularmente atrasadas, o que consequentemente prolongou todo o processo.


Como é que te deslocavas?

A minha tese foi uma tese de investigação, o tema não é muito comum no nosso curso. Tínhamos muitas visitas à ETAR, em Frielas, aí havia imensos transportes e era de fácil acesso. Já para a fábrica de águas de Bucelas, era um pouco mais complicado, havendo também transportes, mas com horários mais reduzidos.


Em termos de horário de trabalho, sendo que era investigação, funcionava com deadlines ou era um certo número de horas por dia?

Eu tinha de me orientar sozinha. Havia reuniões semanais com toda a equipa e reuniões extra, para esclarecimento de dúvidas. O processo foi praticamente todo online, logo o progresso era partilhado semanalmente nestas reuniões virtuais. A parte presencial eram visitas esporádicas à empresa e às ETARs.


As condições de trabalho, como foi de investigação presumo que não houve remuneração, em termos de alimentação ou qualquer coisa do género, o que vos foi fornecido?

Não houve renumeração e visto que maior parte foi teletrabalho, também não foi dado subsídio de alimentação. Tenho conhecimento de que existem estágios curriculares que são remunerados ou mesmo que só fornecem subsídio de alimentação, mas são cada vez mais raros, então não tenham muito essa espectativa.


Como te sentiste em termos de ambiente no trabalho e segurança no trabalho?

Trabalhar nas ETARs/fábricas não é perigoso, desde que se esteja atento aos equipamentos. Éramos também sempre acompanhadas por orientadores e operadores, para garantir sempre segurança durante as visitas.


O vestuário no teu caso era diferente consoante a visita fosse à empresa ou às fábricas, podes falar um bocadinho sobre isso?

O que eu notei foi que os engenheiros tinham um vestuário mais formal, os operadores estavam limitados aos uniformes de trabalho.


Que material era dado pela empresa e que material é que vos era pedido?

Tudo em laboratório era fornecido. No caso de termos de guardar e transportar amostras, era de próprio encargo, então muitas vezes acabavam por ter de ir dentro das nossas malas pessoais, com o risco de se poderem sujar/estragar.


Qual é que achas que foi a maior aprendizagem retirada da experiência, para além da investigação que fizeste?

Para além do tema em si, a automação sai um pouco fora das aprendizagens do nosso curso, para além de uma cadeira chamada Instrumentação e Controlo de Processos. Não chegamos a aprender todo o essencial sobre ela, tendo tido de completar os meus conhecimentos com o estudo de outras matérias. Cheguei até a ter de estudar eletrónica. Portanto, tive de estudar muito, o que me abriu os olhos para outras oportunidades e como fiz 90% da tese em casa e sozinha, ganhei muita autonomia e resiliência. Para fazer uma tese de investigação em casa, é preciso mesmo muita força de vontade para cumprir os objetivos estipulados.


Acho que podemos fazer uma ligação entre o facto de ter sido uma experiência muito isolada com o maior desafio que sentiste.

Sem dúvida, estabelecer horários de trabalho é uma tarefa complicada, quando muito facilmente se pode ir ver televisão para o sofá. Eu tentava pedir sempre mais reuniões, para tirar dúvidas e manter um bom ritmo de trabalho e não ficar muito tempo a matutar no mesmo assunto. O tema em si também foi o desafio, por ter sido um pouco afastado das aprendizagens do curso.


No geral, gostaste da experiência e recomendas mais especificamente o sítio onde estiveste?

Eu adorei a experiência. Apesar de ter sido online, sentia-se muito a presença dos orientadores, estavam sempre dispostos a ajudar. As dúvidas eram facilmente esclarecidas por email, com respostas até uma hora depois de ter sido colocada a questão. Demonstraram sempre uma enorme preocupação em estarem disponíveis para nos ajudarem ao máximo e, portanto, recomendo o local onde estive. Qualquer pessoa que vá para lá vai sentir-se muito apoiada e vai ser certamente bem recebida.


Falando um pouco agora da escrita da tese em si, quando é que começou e processou?

Eu tive de começar logo de início, porque com o meu tema e sendo uma tese de investigação, só o estado da arte estava previsto para no mínimo 50 páginas. Para além de ter de criar estratégias de controlo novas e ter de as aplicar ao sistema atual, tive de encontrar novos equipamentos/instrumentação e fazer uma análise de risco e de viabilidade económica. Aconselho a toda a gente começar desde o início para quem tem menos tempo, mesmo pelo menos 30 minutos por dia a investigar e adiantar o máximo que conseguirem. Vi colegas meus a sofrerem, porque deixaram muitas coisas para o final e não conseguiram comprovar resultados, o que na tese são logo muitos valores perdidos, ficando impossível tirar boa nota.


Podes falar um pouco da estrutura da tese?

O Estado da Arte é basicamente uma introdução teórica, onde tens os artigos científicos a comprovar essa teoria. A tese começa com um resumo e o abstract, depois tens uma introdução inicial, onde fazes um enquadramento da tua tese (como é que ela está dividida) e explicas os motivos e objetivos. Depois, o Estado da Arte é todo o material que utilizaste durante a tese para justificar os resultados. Eu pessoalmente tinha de lá ter: os sistemas de controlo, tipos de análise de risco que se podem fazer, fatores usados nas análises de viabilidade, entre outros. Finalmente, apresentas então os resultados, é a parte mais extensa, e para terminar, fazes uma conclusão, bibliografia e anexos.


Como funciona a apresentação?

A apresentação para mim era um bicho de sete cabeças, estava mais nervosa com a apresentação do que com a elaboração da tese em si. A estrutura da apresentação é por volta de 1 hora: 20 minutos para apresentares e os restantes 40 para perguntas. No meu caso, demorou 1 hora e meia: apresentei nos primeiros 18 minutos e no resto do tempo respondi a perguntas. O meu conselho é treinar muito a apresentação em voz alta e fazerem para no máximo ocuparem 19 min. Como estão nervosos e se podem atrapalhar, é melhor garantir uma margem de segurança, porque chegando aos 20 minutos, não podem mesmo apresentar mais nada.


Consideras que correu bem e que conseguiste cumprir os teus objetivos?

Eu consegui cumprir o meu objetivo, que era criar um plano de automação para aquela fábrica, que pode ser aplicado a qualquer outra fábrica do mesmo tipo. Respondi a todas as perguntas. Eles estão lá para nos ajudar a ter a melhor nota possível.


Que tipos de perguntas são feitas?

São sobretudo perguntas sobre os resultados. Coisas do género: “Obtiveste isto, porque que é que justificaste desta forma? Explica melhor”. Também podem ser perguntas sobre a parte teórica da tese, como por exemplo, “o que é que achas sobre este tema?”, mas é mais raro.


No final desta experiência, consideras que ficaste com interesse nesta área e que gostavas de fazer isso no futuro?

Fiquei bastante interessada pelo tratamento de águas. É uma área muito importante e interessante, que tem de ser mais apreciada e valorizada. Se não estivesse a trabalhar onde estou agora, consideraria no futuro dedicar-me a ela.


Onde estás a trabalhar atualmente?

Estou a trabalhar como Engenheira Química na Cimpor.


Mais alguma dica que queiras dar a uma pessoa que vá fazer um tema parecido com o teu ou que vá trabalhar para o mesmo sítio que tu?

Ir com o espírito aberto e dar o melhor que puder. Temos de nos esforçar, porque enquanto engenheiros, a tese tem um grande peso e vai valorizar-nos imenso. Estejam disponíveis para receber todo o conhecimento.



Com isto, finalizamos o nosso episódio, espero que tenham gostado! Toda a informação aqui falada também se encontrará no site do NEQB. Obrigada a todos os que nos estão a ouvir e obrigada à Diana por ter partilhado connosco a sua experiência.



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