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Air Liquide - Maria Esteves

A Maria Esteves realizou a sua tese no segundo semestre de 2021, na empresa Air Liquide. A entrevista foi conduzida pela Ana Castelão. Se preferirem, podem escutar a versão áudio no nosso podcast.

 

Olá a todos, eu sou a Ana Castelão e estou aqui com a Maria Esteves, que vai partilhar connosco a sua experiência na Air Liquide.


Maria, qual foi o tema da tua tese e em que é que consistiu?

Tinha a possibilidade de escrever a tese em português ou inglês, mas 90% do meu trabalho, incluindo a documentação, é em inglês. Decidi então, escrever a tese em inglês. O meu tema é “Air Liquide: Impact in environment improvement - fuels emissions and measurements”. A Air Liquide é uma fornecedora de gás, que serve para a medição de combustíveis. Com as transições energéticas que estão a acontecer, em conjunto com as previsões para daqui a uns anos, foi necessário para a empresa fazer um estudo de mercado, de forma a tentar prever como é que este tipo de transição iria afetar o negócio.

A minha tese consistiu em fazer essa pesquisa, em diversos aspetos dos combustíveis, e ver como é que o mercado da empresa se poderia adaptar. Se sim ou não, há o risco de decréscimo. Outro objetivo era também detetar novas oportunidades de negócio.


Quais foram os teus orientadores na empresa e na faculdade?

O meu orientador da faculdade foi o Professor Mário Eusébio e na empresa foi o António Carreira: um excelente profissional, com quem aprendi muito. Tive um grande acompanhamento e interagimos muito com a equipa com quem ele trabalha diariamente. É um grupo internacional, que inclui franceses e italianos e isto porque o estudo de mercado que fiz também se destina aos dois países. Ou seja, para além de Portugal e Espanha, que é designado por Ibéria, era também para França e Itália. Isso foi muito bom para ter uma experiência profissional enriquecedora.


Quando é que começou?

Começou em fevereiro de 2021, no meio da segunda vaga de Covid-19, o que até levou a um atraso de cerca de uma semana, porque ninguém podia sair de casa e nós tínhamos um computador da empresa. Tivemos um mês e meio de trabalho presencial e foi mesmo no final: de setembro até ao final de outubro. De resto, foi online. Fez-se assim, mas fez-se bem porque, de facto, houve um grande esforço por parte do António de nos manter integradas, quer na Air Liquide, quer na equipa dele. Foram oito ótimos meses de estágio.


Como era o horário, tendo em conta que estiveste tanto tempo em teletrabalho?

Era o habitual, creio. O António gostava de começar a trabalhar cedo, o que fazia com que entrássemos entre as 8h e as 8h30 e saíssemos entre as 17h e as 17h30. Mas havia flexibilidade: se eu tivesse um compromisso, podia avisar e depois compensava noutro dia.


E como foi o processo de candidatura para ires trabalhar para a Air Liquide?

Como é um acordo com a faculdade, cada aluno pode escolher três empresas e candidata-se por ordem de preferência. Eu coloquei como primeira a Air Liquide. E lembro-me que eram várias pessoas a candidatarem-se para duas vagas. Acabaram por entrar três, ou seja, ninguém ficou de fora: dois para trabalhar com o António e um para trabalhar na área industrial. O processo de candidatura foi por currículos enviados para a Air Liquide, através do Professor Mário Eusébio, e depois tivemos uma entrevista com o António e com a Raquel, uma responsável dos Recursos Humanos na empresa. Depois, ainda recebi uma chamada do António, que me fez algumas perguntas, mas tudo bastante informal e tranquilo. Por fim, fui informada de que tinha entrado e ia trabalhar com ele.


E qual foi o ambiente que encontraste na empresa? Mais formal ou informal?

Foi um mix, mas dentro do panorama, acho que era mais informal. As pessoas não se importavam com a forma como ia vestida. É claro que nós, como estagiárias, temos algum cuidado, mas por exemplo, havia a “casual Friday”, onde podíamos ir de ténis e tudo era bastante informal e amigável. É mesmo uma empresa bastante familiar.


E consideras que conseguiste fazer tudo, usando as tuas capacidades, ou há algo que não estavas preparada para fazer?

Acho que consegui fazer tudo. Houve coisas que tive de aprender com o António, ou tive de ir pesquisar como se faziam. Mas isso são competências que acabamos por ganhar na faculdade. Lá está: queremos aprender tudo e aprendemos muito, mas depois há coisas que não sabemos e cabe-nos a nós pôr as mãos na massa e ir procurar respostas. O meu tema de tese era muito mais ligado à gestão, ir à procura de previsões de mercado, mas também tinha muita química, em termos de gases, de calibração e o que era e não necessário. Eu diria que sim, mas também houve muito trabalho de pesquisa e para arranjar novas ferramentas para o que estava a fazer.


Recomendavas a outra pessoa ir trabalhar para a Air Liquide?

Recomendava a 100%, já que adorei. Talvez outros colegas tenham tido uma experiência diferente, e não foram seis meses, mas oito. Destaco o esforço por parte da Air Liquide, para termos uma parte presencial. Recomendo vivamente, a empresa é espetacular e tem um ambiente familiar. O António é um profissional incrível, aprendi muito com ele e foi um bom começo de vida profissional.


E vês-te a trabalhar futuramente nesta área?

A área onde estive inserida era chamada de Marketing e Research & Analysis. Não era Engenharia Química pura, mas tinha algumas bases. Acho que me surpreendi pela positiva, porque gostei bastante desta área mais ligada à Gestão e às previsões de mercado, sempre ligadas à indústria, como é óbvio. Este estágio também serviu para, de facto, ver que gosto desta área e, se calhar, profissionalmente também posso seguir por este ramo.


Quanto tempo demorou a escrita da tese?

Sou um péssimo exemplo! O prazo de entrega foi atrasado, devido à Covid-19. Era previsto ser entregue até novembro de 2021 e até ao início de setembro tinha cerca de uma página escrita. Já estava bastante avançada em termos de resultados, dado que tinha de lhes apresentar relatórios com resultados semanais. Ou seja, em termos de resultados estava tudo escrito, em termos de introdução teórica, que envolve muita pesquisa que sustente a nossa argumentação, não tinha nada. Isso assustou-me, mas porque acabei o meu trabalho mais cedo, houve bastante liberdade por parte do António também para nos focarmos na escrita da tese. O meu processo de escrita acabou por durar pouco mais de um mês. Foi um stress!


E como foi a apresentação?

Como disse, tínhamos apresentações semanais com o António e mensais com o Professor Eusébio. Nesse sentido, eu estava bastante à vontade. Como funciona? Eu entreguei a tese, já depois das revisões dos dois orientadores, e depois marcámos a apresentação para o mês. Marquei também uma reunião de preparação, ou seja, de ensaio geral com os dois orientadores. Em termos de argumentos, foi tudo escolhido pelo Professor Mário Eusébio e pelo António e um argumento feito por um funcionário da empresa, na área de Research & Analysis, que também conheci no escritório. A diretora do júri foi a professora Isabel Fonseca, da FCT. A apresentação foi por Zoom.


Foi uma dificuldade?

Diria que foi uma dificuldade. Entrei no Zoom e fiz a apresentação, que teve de ser no máximo de 20 minutos. Havia essa pressão de não ultrapassar o tempo. Depois seguiram-se as perguntas do arguente, que já leu a tese e já sabe o que vai perguntar. Houve muitas relacionadas com o hidrogénio na minha tese, porque possivelmente será o futuro dos combustíveis. Foram um pouco “fora da caixa”, mas ter as respostas e ter confiança no que vamos dizer é muito importante. Quem pergunta ou sabe, porque está na tese, ou não sabe a resposta e é por curiosidade. Responder com confiança vai demonstrar que o que estamos a dizer é correto. Depois houve uma apresentação dos orientadores, seguida de uma ou duas perguntas por parte deles. Após isto, reuniram todos numa sala do Zoom, a conferenciar, chamaram-me a essa sala e disseram a nota da tese. Correu bem!


Tens alguma dica para quem queira fazer uma tese na mesma área?

Primeiro: começar a escrever mais cedo. Estar a estagiar o dia inteiro e começar a escrever à noite é sempre um pouco duro, mas recomendo a 100% ir começando devagarinho. Depois de se começar a escrever, as coisas saem naturalmente. E, se calhar, não ter medo de arriscar. Eu estava numa área mais ligada a estudos de mercado, que era uma coisa nova, mas o António sempre nos deu muita liberdade para tirarmos os nossos resultados e guiarmos a nossa tese como achássemos melhor. Também é importante ganhar um pouco de independência em termos laborais e apresentar coisas sem termos a certeza de que estão certas ou não. Isso mostra trabalho e capacidade de imaginação e de adaptação.



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