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INIAV - Catarina Guerreiro

A Catarina Guerreiro realizou o estágio curricular PIPP com duração de um mês na INIAV (Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária) em fevereiro de 2022, em Oeiras.


Declaração Inicial da Catarina:

Basicamente eles (INIAV) têm lá investigadores que ficam a estudar certos temas que foram pedidos por alguma empresa. Têm um cachê para investigarem um dado tema. Há lá investigadores fixos mas também passam por lá muitos estudantes. Ou seja, estava a trabalhar com uma rapariga que estava a fazer lá a tese e também cheguei a trabalhar com um rapaz que estava a fazer o doutoramento.


Vamos começar por abordar a parte de logística. Tu sentiste necessidade de alugar uma casa para ficar perto do local do estágio, porque era em Oeiras? E, mais ou menos, quanto tempo demoravas de viagem até ao local e que meio de transportes utilizavam?

Eu não senti necessidade de alugar casa. Eu tenho um quarto aqui, ao pé da faculdade, então ia de transportes todos os dias. Acho que autocarros fazem o percurso mais rápido, mas eu demorava mais ou menos, uma hora e meia porque ia de barco (para o Cais do Sodré) e depois apanhava o comboio. Andava um bocadinho a pé, então, demorava, mais ou menos, 1h30m.


Para rentabilizar essa hora e meia, o que é que fazias?

Ia a ouvir podcasts. Acho que esgotei a minha quota de podcasts que tinha.


Em que áreas incidiu o estágio?

Quem for para lá vai perceber que aquilo, basicamente, é sempre com projetos que tiverem a acontecer na altura. Lá está, como são pessoas (e empresas) que pedem projetos específicos, nunca se sabe bem o que é que se vai apanhar. Eu trabalhei em 3 projetos: um sobre antagonismo; o outro sobre crescimento de plantas; e sobre o isolamento de rizóbio (é uma parte da raiz que ajuda na fixação do azoto). Tudo no INIAV era um bocado sobre a fixação de azoto. Eles estudavam muito isso. O rizóbio está nos nódulos das raízes e nós tivemos de estar a recolher as raízes, a isolar e depois, fizemos crescer essas coisas. Pronto, estivemos só a isolar fisicamente. Essa parte a seguir eu já não apanhei no estágio.



Mencionaste que fizeste três projetos diferentes. Já aprofundaste este último, do rizóbio. Aprofunda os outros dois. Diz-nos que atividades é que fizeste, mais em concreto.

Então o que fazia, primeiro, eram os meios de cultura. Por acaso nunca tinha feito isso. E depois tinha de os pôr nas caixas. Então é sempre giro veres esta parte porque nas aulas vemos aquilo já pronto, e é completamente diferente ver o processo todo até a caixa aparecer pronta para tu utilizares. Depois, nos ensaios de antagonismo, basicamente, tinhas uma pastagem que estava infetada por um fungo. O que fazia era ver que bactérias conseguiam inibir o crescimento desse fungo. Inoculavamos o fungo, púnhamos o fungo a crescer na caixa, inoculavamos as bactérias e víamos em que zona é que o fungo não conseguia avançar. Ficávamos logo a perceber que bactérias é que inibiam. No ensaio das plantas, tínhamos certas estirpes de bactérias, inoculamos imensos frascos, e, depois, era pôr na estufa. Ia lá todos os dias, verificar como é que estava o crescimento, se tinha evoluído, e que bactérias é que estavam a ajudar mais.


Porque é que disseste que era giro fazer meios de cultura? 

Eu estava habituada a ver aquilo lá na caixa já, e pronto, nunca tinha sequer pensado como é que aquilo se fazia. Para se preparar segue-se uma receita, parecia que estava na cozinha, ias seguindo e fazendo o meio. Por acaso gostei muito de fazer isso e púnhamos-nos todos à conversa, então era uma parte mais descontraída. 


Sentiste que ias preparada para lá? 

De todo, sinceramente, de todo. Aliás, eles perguntaram-me quando cheguei se estava à vontade com com os temas que me tinham proposto, e disse que não, porque lá está, nós temos uma cadeira de microbiologia, que foi o mais perto que eu estive destas coisas, tivemos muito poucas aulas, então, por muito que nós achamos que aprendemos alguma coisa, não aprendemos nada porque passado um tempo já não temos a prática, já não nos lembramos de nada. E trabalhar num projeto a sério, num ensaio a sério,  é completamente diferente, é uma responsabilidade completamente diferente do que estar a trabalhar no mesmo numa aula. Então, eu também não estava nada preparada, mas eles facilitaram imenso. Ou seja, eles perceberam logo que não estava à vontade e ajudaram-me imenso a ganhar a prática. E estava sempre a trabalhar mesmo ao lado deles, e conseguia ver as técnicas que eles usavam, então evoluí imenso nessa parte.


Sentes que foi, então, assim em retrospectiva, uma experiência proveitosa? Achas que te acrescentou alguma coisa curricularmente?

Sim, acho que sim. Lá está, pode não estar diretamente relacionado com a engenharia química, mas acaba por ser uma vantagem porque é algo que não vamos ter muito ao longo do curso, e não tivemos, então é trabalhar, é ter experiência numa área que não é propriamente a nossa, dá sempre jeito.


Achas que é melhor, então, fazer isso, ter experiência numa área diferente, do que se calhar aprofundar o que já temos?

Eu acho que sim. Tem os dois lados, também é sempre bom perceberes o ambiente numa coisa que é mesmo relacionada com o curso, mas também acho que é bom ganhar experiência noutra coisa. Nunca sabe o que vai precisar no futuro, isto até pode dar jeito algum dia e, assim, tive experiência numa coisa que, aqui, sabia que não ia conseguir ter.


Já mencionaste aqui alguns, mas queria saber se tens mais aspetos positivos a realçar do estágio. Não tem que ser necessariamente sobre o curso, como os que já mencionaste. Também podem ser soft skills. Mas há assim mais algum aspecto positivo que consigas realçar?

 Acho que foi mesmo perceber como é que funcionava o ambiente num instituto de investigação, que nunca tinha sequer pensado sobre isso. E como a equipa era pequena, ficava sempre à vontade. Conseguia perguntar as coisas facilmente, conseguia estar sempre a ver tudo, como se faziam as coisas, conseguia trabalhar em tudo. Acho que não houve uma única coisa que não pudesse também fazer. Então sim, acho que foi bom. Também aprendi a fazer eletroforese, que eu nunca tinha feito. 


Explica o que é a eletroforese. 

Basicamente nós tínhamos uma uma espécie de caixa, não sei o nome daquilo, com uns buraquinhos. Tu tinhas um gel, e, com uma pipeta, ias lá e tinhas que pôr, assim super devagarinho, e depois, quando aquilo avançava, no gel tu tinhas uma espécie de padrão. Havia outra máquina, que identificava a substância, ou a bactéria, com base no padrão. 


Se pudesses voltar atrás, tinhas feito a mesma escolha que fizeste relativamente à empresa onde realizaste o estágio, ou tinhas mudado?

Sim, acho que fazia a mesma. Eu acho que foi uma boa experiência. Acho que foi muito proveitoso. Aprendi coisas que nunca iria aprender, trabalhei com coisas que nunca ia conseguir trabalhar. Acho que foi uma boa oportunidade. 


E mudavas alguma coisa no teu estágio? 

Eu acho que mudava o tempo. Pronto, acho que é um bocado óbvio, aqueles ensaios são extensos. Eu apanhei o início. Foi bom, mas também sabia que tudo o que eu estava a fazer, não ia conseguir ver realmente resultados. Em 3 semanas não consegues ver o resultado do que estás a fazer. 


Achas que tinha sido mais proveitoso realizares o estágio no verão e pedires um alargamento? 

Eu acho que fazia, porque gostei imenso de lá estar. Se me dissessem para voltar, para ver os resultados, e para fazer análise, acho que sim.


Ao ponto de abdicares das férias de verão?

Sim, acho que ia, porque eu gostei muito. Nós tínhamos horários super flexíveis. Eu tinha dias livres, tinha dias em que ia lá tipo 2 horas por isso também acho que não ia tirar assim tanto tempo.


O estágio foi remunerado? 

Não.


E quanto à alimentação, tinhas subsídio de refeição? Havia cantina, algo do género? 

Também não. Aliás a cantina estava fechada, por causa da pandemia. Então disseram-me que tinha de levar comida de casa.


Havia microondas, pelo menos para aquecer?

Claro.


E consideras que o estágio contribuiu para o afunilamento das tuas intenções de futuro emprego na área? 

Não, não me vejo a fazer isto. Mas ajudou-me a perceber que não desgosto de microbiologia. Não gostei foi de microbiologia nas aulas. Percebi que não desgosto, mas continua a ser algo que não me vejo a fazer. É sempre outra experiência, nunca sabes do que podes precisar.


De certa forma, abriu-te os horizontes para o que é uma carreira na investigação, ou em laboratório?

Sinto que não é a área que eu quero, mas, se por acaso surgisse uma oportunidade, eu acho que não havia problema em ir. Mais por aí, porque realmente gostei. Não foi algo que eu pensasse “eu quero ir embora” quando lá estava. Não, eu estava a gostar do que estava a fazer. Por isso, sim, acho que abra um bocado (os horizontes). Ficas com mais perspectivas. Dá para fazer isto, mesmo estando a tirar engenharia química. 


Mas porque é que escolheste o INIAV?

Na altura, estava a ver as várias opções na lista, e, ao início, não sabia bem o que queria. Estava um bocado perdida, temos várias opções e, nesta altura, há muita gente que não sabe, ainda, o que quer. Eu lembro-me de olhar e gostei. Fui pesquisar a empresa, e gostei. Gostei do que estavam a fazer, e gostei dos dos ensaios que estavam a realizar. Pareciam bastante interessantes e pensei, olha se calhar vou tentar ir para uma coisa que me dê experiência em algo diferente do que já estou a ganhar no curso. Porque eu já ouvi várias coisas no curso, ainda não me decidi entre elas, olha vou tentar uma nova pode ser que eu goste. Então meti essa opção. Não foi a minha primeira, mas meti.


Qual é que foi a primeira?

Foi a Robbialac.


Mas gostavas de biologia antes de ir para lá? De microbiologia?

Não gostava de microbiologia, mas gostava de biologia.


E que dicas podes deixar a quem vai fazer os estágios agora, e, futuramente?

Eu acho que a principal é não irmos nervosos porque ninguém vai estar à espera que nós saibamos tudo, ou toda a teoria, ou de fazer tudo sozinhos. Claro que não, nós estamos ali para aprender. Eu sinto que cheguei lá super nervosa a achar: “eu vou trabalhar em coisas que não faço ideia de como é que se faz, com pessoas que sabem mesmo fazer isto”. Mas acho que não é preciso ficarmos nervosos, nós estamos lá para aprender, é para isso que serve o estágio e, pelo menos, no meu caso, eles estavam mesmo predispostos a ensinar. É mesmo aproveitar.


Então também era um ambiente bom, os colegas ajudavam-te, não era à base da competitividade.

Aliás, como a rapariga que estava a trabalhar comigo, estava a fazer tese, ela tinha mais ou menos a nossa idade. Então, ela explicava tudo de forma a que eu compreendesse, com linguagem que ela sabia que eu ia compreender. E, por exemplo, se fosse com orientador, se calhar como já se distanciou tanto, não sabe o que é que eu sei nesta altura sei ou não, e ela sabia exatamente. E, além disso, ela ainda queria ser professora, então estava a ajudar imenso.


Então, tens alguma coisa que queiras dizer, que aches que não tenha sido mencionada nas perguntas anteriores?

Acho que não, é só mesmo serem organizados. Normalmente, dão vos “x” tarefas e é uma questão de se organizarem, até podem sair mais cedo, ou ir lá menos dias, se forem despachados.

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