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Águas de Portugal - Margarida Guerreiro

Onde é que estagiaste?

Estive a estagiar nas Águas de Portugal. Eles têm sub empresas, dependendo da região, e eu estive nas Águas do Atlântico, que corresponde à zona da Grande Lisboa.


Sentiste necessidade de alugar casa para ficares perto do local do teu estágio? Quanto tempo demoravas de viagem até ao local?

O meu estágio foi em julho e foi online. Os estágios são, normalmente, em fevereiro ou em julho e a vaga em que eu fiquei colocada era nesse mês. Pensei, “ Ok”, até porque em fevereiro ficámos fechados outra vez, e achei que ia ser presencial, mas acabou por ser online.

A empresa deu-me algumas facilidades. Não era um horário de trabalho em que tivéssemos de estar sempre ligados pelo Zoom: davam-nos trabalho e íamos gerindo como queríamos. Digo ‘nós’ porque estagiei com outra rapariga e fizemos as coisas em conjunto. Tínhamos reuniões duas vezes por semana com as pessoas da empresa para vermos onde estávamos, se tínhamos dúvidas e quais eram as próximas tarefas. Geríamos o nosso horário. Eu ia para a praia de manhã e trabalhava à tarde.


Em que área/áreas incidiu o estágio? Dentro da área que estiveste, que atividades realizaste?

Fiz um trabalho que não tem nada a ver com o que nós damos e que se chama avaliação de risco. Basicamente, tive de avaliar o risco de utilizar água residual que já foi tratada. Por exemplo: para as águas do saneamento que vão parar às ETAR e que são tratadas há dois caminhos possíveis: ou vão para o mar ou para os rios, ou então há uma parte que sofre um tratamento melhor para depois voltar a usá-las. É claro que não vai ser para beber mas, por exemplo, para rega.

Já existe uma ETAR no Algarve onde a água é tratada para regar os campos de golfe que existem nas imediações. Quando estivemos a avaliar o risco, procurámos perceber que parâmetros que esta água tratada – e está tudo legislado – devem respeitar. Por exemplo, a ETAR que está ao lado da Ponte Vasco da Gama rega o relvado que está ao lado. Imagina que estás a passear nessa zona com o teu cão: qual era o risco de o animal ficar infetado ou contrair alguma doença, ou de alguma criança a brincar na relva, colocar a mão à boca e ter problemas.

Avaliámos isto tudo na vertente da Saúde e na vertente dos recursos hídricos. Ou seja, esta água de rega vai infiltrar os solos. Será que vai poluir as reservas da zona?

Fizemos este estudo para quatro ETAR diferentes. Isto é, fizemos um e depois replicámos. Foi um estágio centrado na procura de informação. A empresa deu-nos um conjunto de ficheiros e de guias para podermos ir procurar e aprender e depois, consoante o local onde estávamos, a parte da Saúde era igual – a questão do cão, da criança… - mas na parte dos Recursos Hídricos tinhas de estudar a área geológica e perceber, por exemplo, a rede de rios na região, o tipo de rochas, se a água as infiltrava muito ou não.

Em suma, avaliar em cada sítio e perceber: “Ok, aqui há mais probabilidade de isto acontecer, ou não…”. E, no final, quando o método de avaliação de risco está completo, vai avaliar a situação em três patamares: desprezível, aceitável ou inaceitável. Nós conseguimos que tudo fosse classificado como desprezível, o que é fixe!

Foi tudo trabalho baseado em computador e Excel. A empresa deu-nos sempre muitas ajudas. A orientadora do estágio tinha a trabalhar com ela um outro funcionário e era ele que comunicava mais connosco. Os dois estudaram Engenharia do Ambiente aqui na FCT.

Quando trabalhei os dados no EXCEL, eles deram-me uma base de dados com valores e eu fiz a parte de trabalhar os dados. Entretanto, uma colega nossa esteve a fazer exatamente a mesma coisa no SMAS de Almada, só que na vertente mais química. Ou seja, ela é que fazia as medições, fornecia os valores, enquanto eu estive na parte de trabalhar esses valores para avaliação de risco.

No final, tendo em conta que foi um estágio online, a empresa proporcionou-nos uma visita a uma das ETAR em que estivemos a trabalhar. E aí é que podes aplicar mais conceitos. Por exemplo, falámos de Microbiologia, que é uma cadeira, de reatores, de operações sólido-fluido. Quando vais aprender a dimensionar um conjunto de equipamentos diferentes na ETAR e quando eles falavam de alguns equipamentos técnicos, nós já os conhecíamos. Mas foi isto o mais relacionado com o nosso curso.


Sentes que foi uma experiência proveitosa? Sentes que te acrescentou alguma coisa curricularmente? Que aspetos positivos é que consegues retirar do estágio? Não tem que ser forçosamente sobre o curso, podem ser soft skills também.

O estágio foi interessante, no sentido em que aprendi coisas completamente novas. Aprendi a trabalhar com muito mais funcionalidades do Excel. No curso, aprendes muito Excel no início das cadeiras, porque é necessário e, como repetes o mesmo método, as capacidades vão ficando. No estágio, foi positivo trabalhar tanto com o Excel e no final elaborámos um relatório formal. E aí, a empresa ajudou-nos muito com a estrutura e detalhes técnicos.

Fizemos um relatório para a empresa e, depois, na avaliação do estágio que o professor da cadeira realiza, fazemos apenas uma apresentação, sem necessidade de um relatório. Mas também aí a empresa deu-nos dicas para usarmos nessa apresentação.


Sentiste que possuías as competências necessárias para o que te era pedido?

Foi um estágio centrado na procura de informação e não tem nada a ver com o que nós demos, portanto tivemos de aprender tudo de novo. A empresa deu-nos um conjunto de ficheiros e de guias para podermos ir procurar e aprender.


Se pudesses voltar atrás tinhas feito a mesma escolha, relativamente à empresa onde realizaste o estágio? O que é que mudavas no teu estágio e/ou escolha de estágio para corresponder às tuas expectativas?

Gostava de ter experimentado uma coisa que fosse mais ligada à minha área, mas fui para o estágio de mente aberta: não queria gerar expectativas e depois ficar desiludida. Houve pessoas que não gostaram nada dos estágios, que não foram nada do que eles estavam à espera. Eu fui do tipo: ‘aceito tudo o que vier’, mas gostava de experimentar outras áreas, até porque esta não é uma que esteja completamente ligada.


O estágio foi remunerado? Quanto à alimentação, tinhas subsídio de alimentação ou refeições incluídas?

Não. Até porque foi online, ou seja, não tinha de me deslocar nem fazer refeições fora.


O estágio contribuiu para um afunilamento das tuas intenções de futuro emprego na área? Consegues perceber mais agora o que queres fazer no futuro?

Achei interessante, mas não é o que quero fazer. Ainda ando à procura. A nossa área é tão grande e dá para tanta coisa que não é, provavelmente, durante um único estágio que dizes: ‘ah, é isto que eu quero!”. Às vezes, é melhor fazer a abordagem ao contrário. Ou seja, pensares, ‘ok, o que é que eu não gosto?”, e reduzir o leque.


Tens mais alguma informação útil para quem vai fazer estágio na tua empresa que não foi perguntado nas perguntas anteriores?

No dia em que fomos visitar a ETAR em Alcântara, que teria sido o local do estágio, se ele tivesse sido presencial, foi interessante ver as instalações. Penso que o meu estágio online foi resultado da política da empresa, pois sei de colegas que tiveram estágios presenciais.

Seria diferente se tivesse tido um contacto com as outras pessoas da empresa e perceber algo do tipo: ‘nesta área, o que é que eu posso fazer´? É óbvio que o curso não pode ser limitativo e pensares que se tiraste Engenharia Química só podes fazer um tipo de coisa. É claro que há sempre algo que te liga a ele, mas há tantas opções, tantas coisas, que não te podes limitar. E nada te deve impedir de, depois de uns meses, pensares: ‘afinal, não é bem isto’ e passares para outra coisa.

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