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Air Liquide - João Henriques

O João Henriques realizou o estágio curricular com a duração de cinco semanas na Air Liquide, no escritório de Miraflores. A entrevista foi conduzida pela Ana Castelão.

 

Olá, João, bem-vindo. Por favor, apresenta-te um bocadinho, fala-nos um pouco sobre a Air Liquide e o que fizeste na empresa.

Olá, eu sou o João e neste momento estou no quarto ano e fiz o meu estágio no ano passado, o terceiro ano. Não o fiz no período intercalar por escolha. Optei pelo verão, de modo a conseguir estagiar na empresa em que tinha mais interesse, que era a Air Liquide, uma empresa focada na comercialização de gases engarrafados. Estes têm vários setores de aplicação. Tive o prazer de me juntar à equipa de Research and Analysis, ou seja, Pesquisa e Análise, que se foca na aplicação dos gases na pesquisa, investigação e realização de análises.

No entanto, a empresa tem mais três equipas: uma especializada no Food and Pharm, ou seja, Comida e Farmacêutica, outra especializada no Healthcare, mais virada a nível da Saúde – foca-se muito no oxigénio engarrafado – e uma outra ainda mais focada na produção industrial, isto é, o uso dos gases em equipamentos industriais.


O teu estágio foi presencial? E foi remunerado?

Sim, nos escritórios que a empresa tem em Miraflores. Ou seja, não foi num ambiente fabril, mas sim num ambiente de escritório. Não, o estágio não teve remuneração.


E como fazias para chegar ao escritório?

Eu estava a morar perto da Faculdade e ia de carro. Como todos nós sabemos, o trânsito é uma coisa muito instável, principalmente a passagem da Ponte 25 de Abril de manhã, e houve dias em que demorei 25 minutos e outros dias hora e meia. A empresa é totalmente compreensível com essa situação, até porque uma grande parte da equipa mora na Margem Sul e quando um se atrasa é inevitável que todos os outros se atrasem. Para além disso, também ofereciam a possibilidade de fazer teletrabalho, o que chegou a acontecer, num dia ou outro, quando houve um acidente grande. Nessa altura, as pessoas decidiram fazer teletrabalho, de forma a rentabilizar o seu tempo e não o perder no trânsito e em filas.


Sentes que este estágio foi uma boa experiência, que te ajudou no teu currículo?

O estágio consistiu num estudo de mercado sobre a aplicação de gases a nível das análises de produtos à base da canábis. Este é um tema um pouco diferente e o foco deste estudo de mercado consiste na aplicação de termos que nós aprendemos em Projeto 1. Sinto que o estágio foi importante para isso mesmo, para estarmos familiarizados e vermos a realidade do que aprendemos nessa cadeira. Ou seja, para vermos aquilo que os professores muitas vezes nos chamam a atenção e nós não temos noção: ali, como estamos no mundo do trabalho, penso que é bom aprender assim. Foi uma boa oportunidade para consolidar e aplicar conhecimentos previamente adquiridos.


E no estágio aprendeste alguma coisa que anteriormente os professores não tenham abordado?

No estágio, a parte do estudo de mercado foi muito tentar quantificar e dimensionar o mercado, apesar de que muitas vezes, pela falta de dados, termos de fazer algumas aproximações. Esta foi a parte importante que não aprendemos tanto na Faculdade, onde procuramos números e que o nosso estudo de mercado seja todo direitinho e bata tudo certo. Na empresa, acabámos, muitas vezes, por fazer aproximações e tentar encontrar um padrão que nos permita fazer essa aproximação, com a devida justificação. Por exemplo, para taxas de crescimento de mercado – que é uma coisa muito instável, porque o mercado onde estive focado é uma coisa muito recente – é difícil fazer uma previsão porque nós não temos dados de anos anteriores. Então procurávamos sempre alguma forma de relacionar essas taxas com qualquer outro tipo de consumo de um outro produto, mesmo da indústria farmacêutica. Este é um raciocínio que, talvez, quando fazemos Projeto 1, não aplicamos e aqui, no contexto do meu estágio, tive de o estabelecer.


Essa outra visão do que é dado foi importante, certo?

Sim, para além de teres outra visão, percebes mesmo como é que aquilo que estiveste a aprender te vai ajudar ou é importante no mundo do trabalho. Eu estava a fazer aquele estudo de mercado, mas o objetivo era a empresa ter um relatório de mercado para então depois poder fazer a sua própria análise e tirar as suas próprias conclusões sobre se devia apostar ou não neste mercado. A Air Liquide é uma empresa internacional e em Lisboa trabalha com as congéneres de Espanha, França e Itália. Tive a oportunidade de vir aqui a Paris fazer uma apresentação, porque eles são um dos grandes mercados promissores deste produto. Para além de todos os conhecimentos, a Air Liquide abre-te as portas para estares em contacto com outros mercados.


Se fosse hoje, fazias o mesmo estágio?

Sem dúvida que sim. Gostei mesmo muito do meu estágio. Na altura da escolha, tive de levar algumas coisas em consideração, neste caso uma das que mais me preocupou foi escolher o estágio para o Verão e não fazer logo no período intercalar. Acho que correu super bem e até gostei, porque assim pude descansar entre semestres e também ainda aproveitar o Verão.


E mudavas alguma coisa?

Todo o estágio correu bem. Por exemplo, o ambiente na empresa é muito bom e costumamos ter pessoas a fazer a tese lá, o que também ajuda a estarmos todos mais integrados. O orientador, Eng.º António Carreira, é uma pessoa cinco estrelas.


Não tens pontos negativos? Boa!

Acho que não.


Que dicas é que dás a alguém que esteja a escolher estágio e queira ir para a Air Liquide? O que é que achas importante?

É importante ter conhecimento linguístico, isto é, falar outras línguas. Por exemplo, o objetivo final do meu estágio, o estudo de mercado, era a redação de um relatório à volta de 40 páginas e foi todo redigido em inglês. Na altura do estágio até me foi pedido, por vezes, fazer apresentações em francês, coisa que para mim era impossível, porque não falo francês. E no tema do meu estágio também era importante ter conhecimento e noções básicas de Projeto 1, porque só assim é que dava para fazer o estudo de mercado. Também é importante sentir-se à vontade com outras pessoas, não ter problema em pedir ajuda, ou seja, aquelas coisas mais básicas que nós temos de ter sempre.


Na empresa, ajudaram-te a escrever o relatório quando tinhas dúvidas?

Não, o relatório foi inteiramente escrito por mim. O meu estágio durou seis semanas. Na primeira e segunda, o orientador de vez em quando ainda tentava guiar algumas coisas da pesquisa, mas depois, quando partiu muito para a identificação de empresas, saber o setor de cada uma, onde estava sediada e possíveis clientes, foi um trabalho muito autónomo. Uma coisa de que gostei neste estágio foi precisamente todo ele ter sido muito autónomo. Eu não tinha muito contacto com a equipa da Air Liquide: se precisava de ir ter com alguém era porque se tratava de um trabalho que essa pessoa também estava a realizar e tínhamos de debater? Não. Foi todo um trabalho muito autónomo, de pesquisa. Tinha, eventualmente, apresentações para o orientador e, por vezes, para os representantes aqui de França e de Itália.


Há alguma coisa que queiras acrescentar?

Foi um estágio bom e o primeiro, nestes últimos anos, em que houve esta experiência na Air Liquide. Acho que é uma boa aposta e que a Faculdade devia continuar a tentar inserir estudantes nesta empresa, não só para a redação da tese, mas também como estágio. É uma empresa que trata muito bem aquilo que é a Engenharia Química e aquilo que os engenheiros químicos fazem.


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