Onde é que estagiaste?
Estagiei nas Tintas Robbialac, na Bobadela (mais propriamente, em São João da Talha). É uma empresa que pertence ao grupo Cromology, que é um dos líderes na área das tintas. Realizam a transformação de matérias-primas em produtos acabados ou semiacabados e desenvolvem a área de atividade em quatro grandes áreas de negócio: tintas decorativas, isolamento térmico, proteção e manutenção e repintura automóvel.
Sentiste necessidade de alugar casa para ficares perto do local do teu estágio? Quanto tempo demoravas de viagem até ao local?
Eu estou a viver em Lisboa, não precisei de alugar. Apanhava o metro e depois o comboio, demorava aproximadamente 40 minutos. Depois, ainda tinha de andar mais 10 minutos a pé (mais ou menos 1 quilómetro). Sei que também há autocarros que param mesmo à porta da empresa, mas não sei dizer quais são.
Qual era o teu horário?
Fiz o horário das 8h às 17h. Era bom, por causa da maior regularidade dos transportes nessas alturas do dia.
Em que área/áreas incidiu o estágio?
Fiquei no laboratório de Controlo de Qualidade, por isso incidiu mais nessa área.
Dentro da área que estiveste, que atividades realizaste?
Posso dividir o estágio em 3 partes: a primeira foi o controlo bacteriológico das tintas, em que se avalia a presença de fungos, leveduras e bactérias. Passava uma zaragatoa em cada amostra de tinta, punha num tubo de amostra e esperava 48h. Se aparecesse alguma coisa, tínhamos que adicionar certos componentes, para não haver contaminação. Depois, devido às novas normas de saúde e ambiente, foi necessário alterar um componente de uma tinta. Para isso, tive de comparar amostras que variavam entre 1 e 6 meses e ver se um parâmetro, a brancura, alterava. Finalmente, fiz o controlo de parâmetros e comparei-os com os valores de aprovação de tintas e cimentos. Ou seja, desde o pó até à massa, fiz todos os testes necessários para a produção continuar. Fez-me confusão, porque só via tinta branca. Eu não sabia, mas a cores são misturadas em loja (na hora). A tinta branca é a base, por isso é que é a única cor que se vê na fábrica.
Também fiz um pouco de trabalho administrativo: em 2 períodos do dia (manhã e hora de almoço), fazíamos a aprovação de tintas e cimentos, para a produção continuar. Colocávamos os parâmetros numa folha, para o Engenheiro aprovar, depois, éramos encarregues de os colocar num ficheiro Excel, que era enviado para o passo seguinte da produção - encher os depósitos. Por isso, todas as melhorias que possam fazer em Excel são uma ótima ajuda para eles.
Sentes que foi uma experiência proveitosa? Sentes que te acrescentou alguma coisa a nível curricular?
Sim. Foi o meu primeiro contacto com a parte industrial, que é uma das principais saídas do nosso curso. Antes do estágio, não tinha noção do que se passa desde a matéria-prima até ao produto final. Só isso, fez-me perceber o que vou fazer no futuro. Aprendi a sério o que é o mundo do trabalho e vi o que é trabalhar em equipa. Para além disso, tudo o que sei agora sobre tintas e cimentos não tem nada a ver com o que sabia antes de o estágio começar.
Que aspetos positivos é que consegues retirar do estágio? Não tem que ser forçosamente sobre o curso, podem ser soft skills também.
A importância do trabalho em equipa. Não havia espírito competitivo, sempre que necessitava de ajuda, eles estavam lá. Aprimorei as minhas capacidades de comunicação, pois, como fui sem colegas do curso, tive de me desenrascar. No primeiro dia, mostraram-me todas as áreas da empresa, o que me ajudou a ter uma vista geral do que acontece em todos as secções da fábrica. Por exemplo, não fiquei na área da repintura, mas sei o que se faz por lá.
Sentiste-te cansada?
Percebi o que os meus pais sentem ao fim do dia, chegava a casa exausta. O meu estágio foi em julho e, com o calor, foi ainda pior.
Tinhas algum vestuário em específico, tendo em conta as regras de segurança?
Tive de usar sempre luvas e máscaras, que eles forneceram. Não tive de usar uma máscara em específico, porque a minha área não o requeria. Todos os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) foram fornecidos, incluindo bata e calçado próprio. Estava tudo bem sinalizado, principalmente os perigos. Também tive uma pequena formação de Segurança no Trabalho, para saber o que fazer em situação de perigo.
O estágio foi remunerado? Quanto à alimentação, tinhas subsídio de alimentação ou refeições incluídas?
Não foi remunerado. Tive de levar o meu almoço, porque devido à pandemia, a cantina estava fechada. Também não me deram subsídio de alimentação.
O estágio contribuiu para um afunilamento das tuas intenções de futuro emprego na área? Consegues perceber mais agora o que queres fazer no futuro?
Eu queria a área farmacêutica. Quando soube que ia para as tintas não fiquei triste, mas também não fiquei extremamente contente. Acabei por adorar, por isso, diria que não me importava de fazer isto para o resto da vida.
Que dicas podes deixar a quem vai fazer os estágios agora?
Não vale a pena ir com medo ou vergonha, só vos vai prejudicar. Todos estão lá para ajudar. Sempre que tinha alguma dificuldade, eles repetiam as vezes que fossem necessárias. Por exemplo, como já disse, tive de fazer vários testes. O único com o qual me sentia confortável era o do pH. Eles explicaram tudo o resto. Mesmo em situações pessoais, eles compreendiam. Eu tive de fazer o meu exame de condução nessa altura e eles foram impecáveis. Foram sempre prestáveis.
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