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Navigator - Inês Parreira da Silva

Onde é que estagiaste?

A empresa onde estagiei foi The Navigator Company, mais concretamente no Laboratório Central do Complexo Industrial de Setúbal.


Sentiste necessidade de alugar casa para ficares perto do local do teu estágio? Quanto tempo demoravas de viagem até ao local?

Sem dúvida que o facto de viver em Lisboa me fez pensar logo em como me ia organizar. Cheguei a procurar casa ou quarto para alugar mas, fazendo as contas, não me ia compensar alugar nada por um mês e mesmo por causa da pandemia não estava muito confortável em partilhar casa com pessoas que não conhecia porque poderia colocar não só meu estágio, mas também a minha saúde, em risco.

Felizmente tenho carro e, portanto, foi assim que me descolei para o estágio. O caminho é bastante fácil e intuitivo. Demorava aproximadamente 40/45 min a chegar.


Sabes se há transportes por perto?

Sendo que o complexo da Navigator é na zona industrial e portuária de Setúbal, não existem grandes transportes públicos. No entanto, durante o meu estágio, ouvi falar de uma carrinha própria da Navigator que fazia o transporte entre Lisboa e Setúbal, mas que na altura não estava ativa.


The Navigator Company não era uma opção na lista de estágios, podes explicar como foi o processo para conseguires este estágio por fora?

Eu já sabia que a Navigator tinha programas de estágios, mas não de tão curta duração, então entrei em contacto com a empresa. Foram sempre muito prestáveis e auxiliadores neste processo de criação do protocolo de estágios.

O meu estágio era para ter sido feito em Fevereiro mas, devido ao agravamento de Covid-19 nesta altura, mudou para Julho.


Em que área/áreas incidiu o estágio?

É no Laboratório Central que é feita toda a Gestão do Processo de Controlo, onde se analisam diversas amostras e são feitos vários testes de cariz físico, mecânico e químico. Dentro do Laboratório Central, o foco principal do meu estágio foi no Laboratório de Química e Ambiente. Esta parte estava dividida em 3 salas principais: Efluentes, Águas e Caustificação. O meu estágio teve uma incidência clara nas salas de efluentes e caustificação, portanto, nunca tive muito contacto com o que era feito nas águas, passava por lá, perguntava o que faziam e observava, mas nunca fiz trabalho nessa parte.


Dentro da área que estiveste, que atividades realizaste?

Nas primeiras duas semanas de estágio estive inserida no trabalho relativo aos efluentes (tratados e não tratados) de todo o complexo,

Este é um trabalho muito rotineiro e certinho. Recebíamos amostras e analisávamos tudo (a quantidade de sólidos em suspensão, a cor, o sódio, o ph, a condutividade elétrica, a carência química de O2, entre muitos outros). Este controlo tem que ser muito rigoroso porque o complexo tem duas ETAR e maior parte dos efluentes tratados vão para o Rio Sado.

Nas últimas duas semanas, estive na sala de caustificação. Este é um processo que consiste no uso e recuperação química das lixívias que são usadas para queimar e lavar as aparas de madeira que depois serão usadas para fazer a pasta. Nesta sala analisávamos as lixívias nos seus vários estados, fazíamos caracterizações químicas da cal e fazíamos grande parte das soluções necessárias para o bom funcionamento do resto do laboratório e do complexo.

Basicamente, durante grande parte do dia era feito todo este trabalho de controlo de qualidade e de preparação de material de laboratório (soluções padrão e material para ensaios) e, no final, todos os valores eram inseridos no sistema. Se algo estivesse fora dos parâmetros de aprovação tínhamos de avisar um supervisor.


Sentes que foi uma experiência proveitosa? Sentes que te acrescentou alguma coisa curricular e pessoalmente?

O facto de ter tido a oportunidade de conhecer e manusear novos equipamentos foi proveitoso porque aumentou o meu conhecimento, o que será ótimo para o futuro. Senti que reconheci a dimensão de estar num laboratório a uma escala industrial. Senti também que tinha uma boa noção do que se faz num laboratório e dos materiais que tinha de utilizar, mas sem dúvida que estar inserida numa equipa de analistas com bastante experiência 24/7 foi uma grande mais-valia. Foi super engraçado estar atenta a todos os truques, maneiras de fazer certos procedimentos e rapidez de quem já faz o que faz há bastante tempo. Toda esta experiências enriqueceu-me bastante na medida em que vi o conhecimento teórico que já tinha a ser posto em prática.

Ter tido a oportunidade de ter visitas guiadas às ETAR e às instalações industriais da caustificação foi também e sem dúvida muito proveitoso.

Quanto a soft skills, a comunicação entre equipa é muito importante. Claro que havia trabalho individual a ser feito, porque cada um tem as suas responsabilidades, no entanto, é muito importante o ambiente de equipa, o “estar lá uns para os outros e sempre prontos a ajudar" e isso só existe se houver boa comunicação.

Senti muito a responsabilidade profissional porque tinha um horário e tinha de o cumprir. Eu incuti em mim a mentalidade de “se entro às 9h tenho de lá estar no máximo às 8h50”, e esse meu esforço da pontualidade e de que se fosse preciso ficar um pouco depois da hora de saída foi reconhecido.


Qual era o teu horário de trabalho?

O meu horário era igual ao dos analistas com que estava, por isso, das 9h às 18h na segunda e das 9h às 17h30 nos restantes dias, com 1h de almoço.


Sentiste que possuías as competências necessárias para o que te era pedido?

Claro que houve imensas coisas que só aprendi lá, mais propriamente o manuseamento de equipamentos com que nunca tinha trabalhado, mas no geral tinha uma boa noção daquilo que estava a fazer e tinha as bases necessárias para acompanhar o que me era pedido. Mesmo assim, sempre que não sabia alguma coisa ou tinha dúvidas sobre algum passo ou processo perguntava e isso ajudou-me imenso.

Foram sempre todos espetaculares, tinham sempre o cuidado de me ajudar a perceber o que se passava e deram-me imensa literatura e informação sobre os processos. Houve até um dia que uma das analistas ficou um pouco comigo à janela a ver o resto do complexo industrial a explicar de onde vinha cada amostra e o processo que acontecia em cada zona. Isto foi ótimo para me dar uma melhor visão de tudo o que estávamos a analisar. A equipa teve muito impacto no aproveitamento que eu tive do estágio, não só pelo bom ambiente, mas também pelo conhecimento que tinham.

Nos primeiros dias, como comecei por ficar mais a observar, aproveitei para tirar apontamentos e pequenas notas minhas para encaixar na cabeça os conhecimentos que tinha adquirido nesse dia e isso ajudou-me muito para o que ia eventualmente chegar a fazer.


Se pudesses voltar atrás tinhas feito a mesma escolha que fizeste, relativamente à empresa onde realizaste o estágio?

Sim, gostei mesmo muito. Quando acabou, até pensei: estou pronta para ficar mais um mês.

Também reconheço que é um trabalho muito rotineiro e cansativo porque o controlo de qualidade tem de ser feito todos os dias e de maneira rigorosa e constante, o que é bastante exigente. Não me importava nada de fazer um estágio, quer lá, quer noutra parte do laboratório central outra vez.


O estágio foi remunerado? Quanto à alimentação, tinhas subsídio de alimentação ou refeições incluídas?

O meu estágio não foi remunerado, mas o almoço na cantina era dado. Tínhamos uma carrinha que fazia a ligação entre o laboratório a cantina. Cheguei a almoçar algumas vezes com a equipa num restaurante fora do complexo, o que também foi bom para me integrar ainda mais.


O estágio contribuiu para um afunilamento das tuas intenções de futuro emprego na área? Consegues perceber mais agora o que queres fazer no futuro?

Sem dúvida! Antes do estágio, tinha a ideia de que talvez gostasse de ir para gestão de qualidade e ficar por aí; agora já não tenho a opinião de o fazer para o resto da minha vida. Vejo sim como um possível trabalho no futuro, mas não como uma carreira. Ou seja, se nos primeiros anos de trabalho ficar num laboratório de controlo de qualidade a fazer este tipo de trabalho não me importo porque eu gostei genuinamente mas, a longo prazo, não. Sinto que o nosso curso nos abre muito mais portas e que acabamos com capacidade de ir um pouco mais longe. Isto claro sem destoar do trabalho de controlo de qualidade, que é bastante útil e necessário.


Que dicas podes deixar a quem vai fazer os estágios agora?

Aproveitem a experiência; um mês passa mesmo a correr e a Navigator é uma empresa de renome, não só nacional, como internacional e, por isso, só têm a ganhar em lá estar. Aproveitar todos os momentos de aprendizagem que se tem com as várias pessoas da equipa, mostrar o devido interesse naquilo que se está a fazer e não ter medo de fazer perguntas; ter o cuidado ter alguma seriedade com o que se está a fazer, apesar do ambiente ser muito acolhedor e agradável, continua a ser um estágio curricular onde eu acredito ser importante manter o profissionalismo.

A minha orientadora era a diretora técnica, Engª Clara Candeias, mas não eu não estive muito com ela no laboratório, portanto, acredito que os colegas analistas (com quem tive mais contacto) tenham dado o seu parecer sobre a minha postura e comportamento no laboratório.


Tens mais alguma informação útil a acrescentar para quem vai fazer estágio na tua empresa?

Se calhar são aspetos mais logísticos e que vão ser explicados, mas a empresa fornece a roupa e sapatos que devemos usar no dia-a-dia, que temos de devolver no fim do estágio.

Antes de começar o estágio fiz uma formação de segurança em formato digital obrigatória sobre dinâmicas de trabalho, sinais de perigos e toda a logística de estar num complexo industrial.

Eram feitos testes rápidos ao covid a todas as pessoas do complexo a cada duas semanas.

Toda a logística de entrada e saída do complexo também há de ser devidamente explicada quando forem para lá.

Qualquer dúvida podem falar comigo!

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