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Catarina Mansilha
Galp

2º Semestre - 2020/2021

Tese na Galp - Catarina MansilhaNEQB
00:00 / 31:51

Olá a todos! Eu sou o Tomás António e estou aqui com a Catarina Mansilha, que nos vai partilhar a sua experiência de Tese na Galp.


Qual foi o tema da tua tese?

O tema da minha tese foi um Estudo de Melhoria de Ferramenta da Planificação da Produção do Paridades Recorrendo a Algoritmos de Otimização Não-Linear. Estes algoritmos eram não-lineares inteiros mistos.


Como é que surgiu esta tua ideia de realizar a Tese na Galp?

Quando foram apresentadas as opções das empresas, eu nunca tinha considerado a Galp, que apenas associava à parte da refinação. Quando tive de escolher as minhas preferências, comecei a pesquisar e vi que eles tinham uma vertente direcionada para o futuro verde, a eficiência energética e a descarbonização. Por essa razão, fiquei automaticamente interessada e essa foi a minha primeira opção.


Quando escolheste a Galp já sabias qual era o tema da Tese?

Não sabíamos o tema da Tese – nesse ano, a Galp aceitou quatro estudantes. O tema foi-me atribuído quando eu lá cheguei, mas todos eram voltados para o ambiente, sendo o meu sobre a eficiência energética.


Podes explicar sobre aquilo em que consistiu a tua Tese?

O meu tema, ao contrário dos restantes, não era propriamente de estudo académico. Era uma tarefa que a Galp precisava mesmo que fosse feita e, por isso, no início, confrontei-me com alguns desafios, porque eu tinha de lhes entregar aquela ferramenta, que tinha de ficar corrigida para uso da empresa, no fim do estágio.

Relativamente à motivação para esta tarefa, a Catarina explica que a Galp tinha verificado que a maior parte dos custos operacionais, cerca de 75%, eram a nível de energia e por isso adquiriram esta ferramenta, gPROMS. Consoante o plano de produção da refinaria para cada equipamento, unidade ou fábrica, “esta ferramenta vai programar tudo, otimizar tudo e fornecer o output ótimo”, para que a eficiência energética seja otimizada, os custos operacionais sejam minimizados e as emissões de CO2 sejam também minimizadas.

“O que eu fiz foi configurar a refinaria nesta ferramenta”, e realça também que houve muito trabalho autónomo, porque teve de “procurar tudo sobre a programação, sobre modelos estatísticos e tudo mais”.


Quais foram os orientadores? Tinhas um orientador na faculdade e também na Galp, certo?

O orientador da faculdade, que é transversal a quase todos os alunos, é o Professor Mário Eusébio. Na Galp, o meu orientador foi o diretor da área da tecnologia, o Engenheiro Hugo Carabineiro, mas quem me acompanhou e ficou como minha orientadora foi a Engenheira Joana Brito, também da área de tecnologia.

Neste contexto, a Catarina explica que, quando os orientadores são diretores ou ocupam um cargo importante, têm pouco tempo para responder a eventuais dúvidas, sendo apenas “um orientador no papel”. Por essa razão, a Catarina tinha dois orientadores na empresa.


Relativamente aos orientadores, tens alguma opinião sobre eles? O que achaste quer do Professor Mário Eusébio quer dos orientadores na Galp?

O Professor Mário Eusébio é sempre incansável, pelo menos com quem ficou na Galp, ele está sempre em cima do assunto. No meu caso, eu tinha de lhe fazer apresentações semanais sobre o trabalho que ia desenvolvendo e normalmente, a minha orientadora da Galp também estava presente, a pedido do Professor. A nível da Galp, a Joana ajudou imenso, porque no início tive muitas dúvidas.

No entanto, a Catarina salienta que deve haver um trabalho individual e autónomo: “temos que tentar desenrascar-nos”.


Como foi o processo de candidatura?

O Professor Mário apresentou-nos uma lista com as empresas com as quais ele tem contactos, depois escolhe-se até três opções, por ordem de prioridade ou de preferência. Consoante a vossa média, ficam com a vossa primeira opção. No entanto, se tu não tiveres a média tão alta e já houver pessoas para a tua primeira opção, passas para a segunda e por aí adiante. No final, o Professor Mário Eusébio terá de entrar em contacto com a empresa e formalizar as questões todas. Não houve entrevista.


Quando é que começou e acabou o processo todo da Tese?

Eu fui para a refinaria de Sines e fiquei lá a viver, juntamente com os outros três colegas. O estágio prático durou seis meses e depois começa-se a escrever a Tese até à data de entrega. No entanto, eu fiquei a trabalhar com a Galp até dezembro. Até ao dia de entrega da tese escrita, eu estive sempre com eles a fazer reuniões e apresentações e a escrevê-la ao mesmo tempo.

A Catarina refere que é habitual começar-se o estágio prático em fevereiro ou março, dependendo da empresa.


Como é que te deslocavas para a Galp?

A Galp tem um transporte para os trabalhadores, um autocarro que pára em vários pontos à volta de Sines. Eu estava em Santiago do Cacém e o autocarro passava à porta de nossa casa e assim íamos e voltávamos de transporte todos os dias.


Qual era o vosso horário de trabalho?

A segunda-feira era o dia em que entrávamos mais cedo, às 8h, e saíamos às 17h. No resto dos dias foi sempre das 9h às 17h.


Como era o ambiente de trabalho e os aspetos relacionados com a segurança na empresa?

Antes de mais, quando entrámos na Galp tivemos uns cursos de segurança no trabalho e isso é transversal a quase todos os estágios. Depois, no meu caso, tive a oportunidade de ir ver as fábricas e tivemos de usar todo o equipamento de segurança necessário. Nesse momento, também nos explicaram todas as normas de segurança, porque dentro da refinaria há diferentes regras a observar.


Recebeste alguma remuneração ou subsídio de alimentação?

Nós recebíamos subsídio de alimentação, cerca de 200€ por mês e tínhamos o transporte gratuito, pelo que não pagávamos combustível para as deslocações.


Relativamente à Tese propriamente dita, tu sentias-te preparada para a escrever? Qual é que foi o teu método?

Para mim, a parte escrita foi a mais fácil, mas durante os seis meses de estágio eu não consegui escrever a Tese. Estive durante esse tempo a recolher os dados e depois, os resultados obtidos e toda a descrição da metodologia são basicamente depositados na Tese.

A única coisa que demora algum tempo a escrever é o Estado da Arte (toda a teoria utilizada e que serve de base para fundamentar alguns dos tópicos da Tese), porque têm de fazer muita pesquisa. Por exemplo, eu tenho algoritmos de otimização não-linear e eu tive de ir ao universo todo da programação não-linear e às profundezas de algoritmos não-lineares, o que dá trabalho e é um bocado aborrecido, na minha opinião. Quando terminam isso, passam para a metodologia que corresponde à descrição daquilo que fizeram, depois comentam os resultados obtidos e, por fim, tiram as conclusões. Toda essa parte sai fluidamente.


Imagina que tinhas os teus resultados, mas no processo de escrita da Tese verificavas que faltava alguma coisa, podias repetir aquilo que tinhas feito na Galp?

Eu tive essa oportunidade porque, como eu continuei com o computador deles e com a VPN, eu conseguia alterar muitos resultados. Quando a ferramenta ficou finalmente configurada para a refinaria de Sines, eu corri casos de otimização sempre até ao último dia e vi o que me dava mais visibilidade e utilidade para comentar na Tese. Acho que há abertura por parte das empresas.


Qual foi a maior dificuldade no processo de escrita?

O mais difícil durante a tese é saber filtrar algumas coisas. Nós às vezes queremos colocar todos os resultados, mas a tese não precisa de ser longa, é preciso saber filtrar e ter algum sentido crítico, principalmente porque no fim vão apresentá-la e não querem que uma pessoa do júri vos faça uma questão à qual não sabem responder.

A Catarina aconselha algum cuidado na forma como se escreve a Tese, “não se queiram alongar muito quando não é preciso”.


Como é que correu a apresentação? Queres explicar quem é que estava na apresentação?

Na minha apresentação, estavam os dois orientadores, o Professor Mário Eusébio e a Engenheira Joana Brito, e depois há o júri composto pelo arguente, o Professor José Mota, e a Presidente de júri, a professora Maria Ascenção Reis.

Na apresentação, o ambiente não era de tensão, não me senti intimidada. Obviamente, estamos nervosos por ir apresentar, mas os professores falam com muita naturalidade e só estão a perguntar sobre aquilo que está escrito.

Eu tive 20 minutos para fazer uma apresentação. Têm de ser bastante rápidos, um PowerPoint para expor a configuração da Tese, com a introdução, o objetivo, a metodologia, os resultados obtidos e a conclusão. Depois desses 20 minutos, existe a discussão com o júri na qual, normalmente, quem faz as perguntas e quem dá a nota é o arguente. No total, durou cerca de uma hora.


Que tipos de perguntas fizeram?

O professor fez perguntas sobre tudo. Os professores folheiam a Tese desde o início até ao fim e fazem perguntas sobre algo que eles possam não ter compreendido ou precisem de um esclarecimento adicional. Não é caso para alarme, porque normalmente é algo que vocês sabem perfeitamente, mas faltou-vos escrever essa nota.

Nesse momento, a Catarina recomenda que se anote para que depois da apresentação se possa corrigir as coisas que foram pedidas durante a apresentação.

As perguntas são essencialmente sobre o que está escrito, mas também há perguntas de opinião pessoal, para vocês desenvolverem. No fim da discussão, há “perguntas de hipóteses” como, por exemplo “se acontecesse isto, o que é que teria sugerido?” ou “o que é que prevê para o futuro?”.


Sentiste-te preparada para fazer o estágio, para a escrita da Tese, para a apresentação?

Para o estágio não, porque como eu disse, quando eu cheguei deparei-me com um tema que não era propriamente um tema, mas sim uma função que podia ser atribuída a uma pessoa da área da tecnologia. Como nós não temos muita programação ou estatística no curso, e o que eu estava a fazer era tentar perceber nas três fábricas de uma refinaria inteira, tudo o que as máquinas e as unidades processuais fazem e ao mesmo tempo colocar isso dentro do computador e programar e correr algoritmos, descrever modelos de produção e de consumo através de estatística complexa e depois validar matematicamente, fiquei um bocado alarmada com o que ia ser pedido.

Eu, Catarina, quando comecei achava que não estava preparada, mas depois consegui e o meu conselho é confiarem que o curso vos deu capacidades para se adaptarem facilmente e ferramentas para rapidamente raciocinarem.


Gostaste de toda esta experiência?

Adorei a Galp, gostava muito de ter lá ficado. Adorei o tema. Eu queria continuar a trabalhar com a ferramenta, porque vi que ainda podia melhorar mais e inclusivamente já estava em contacto com pessoas da gPROMS, mesmo com os criadores, e já tinha sugerido alterações mesmo intrínsecas à ferramenta e consegui alterar o código do programa para adaptar às preferências da Galp. Foi mesmo uma mega experiência.

Eu fiz ainda duas apresentações, já depois da entrega da Tese, aos quadros da Galp para lhes ensinar como é que se usava a ferramenta, porque como tinha sido eu a desenvolvê-la, era normal que precisassem de algumas indicações.


Tiveste alguma proposta de emprego por parte da Galp?

Eles perguntaram-me numa das reuniões e o Diretor Hugo Carabineiro falou connosco, para nos candidatarmos ao programa de Trainees.

No entanto, eu arranjei trabalho em outubro quando ainda estava a estagiar e a escrever a Tese, portanto eu não esperei pelo fim da Tese para ver o que me diziam. Arranjei de uma forma muito repentina e espontânea um emprego na Johnson & Johnson como supply chain trainee, na área farmacêutica.

A Johnson & Johnson é uma farmacêutica e o que eu faço a nível de lógica e teoria era o que estava a fazer na Galp, desenvolver modelos para descrever os consumos e as produções e análise de dados, mas adaptado a fármacos e a produtos farmacêuticos.


Tens alguma dica para os futuros estudantes?

A minha dica é: não se preocupem, não comecem a hiperventilar. Vai correr tudo bem, vão com um mindset positivo, e se tiverem o azar de o orientador da empresa não ter melhor relação interpessoal convosco, não fiquem alarmados, porque felizmente têm o Professor Mário Eusébio do outro lado. Nunca vão ficar sozinhos.


O meio empresarial é diferente do meio universitário e daquilo que nós temos aprendido na universidade, concordas com esta afirmação?

O meio empresarial é mais específico. Há sempre a pressão de estar a trabalhar no meio de uma empresa com as pessoas que lá trabalham e existe alguma exigência e pressão que colocamos sobre nós próprios.

Se vocês trabalharem, vai sempre correr bem. Isto é válido para quem se dedica e trabalha, mas eu acredito que quando chegamos à Tese, estão todos interessados em ter o melhor trabalho possível.


Em nota final, queres dizer qual foi a tua nota?

Eu tive 18 valores. Normalmente, a maioria das pessoas têm dezoitos, não é uma nota rara para quem desenvolveu bem o trabalho, sendo ele com mais oportunidades, visibilidade e notoriedade, ou não, desde que saibam justificar tudo na apresentação.

Acho que os professores não têm problemas em dar notas altas, se for merecido.


Com isto, finalizamos o nosso episódio, espero que tenham gostado! Toda a informação aqui falada também se encontrará no site do NEQB. Obrigada a todos os que nos estão a ouvir e obrigado à Catarina Mansilha por ter partilhado connosco a sua experiência.

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